Diferença de Atividade Crítica, Moderada e Leve no Trabalho: Como Identificá-las

Introdução

Identificar e diferenciar atividades críticas, moderadas e leves no ambiente de trabalho é essencial para a implementação eficaz de estratégias de gerenciamento de risco. Essas classificações ajudam a priorizar ações preventivas e corretivas, garantindo a segurança e a saúde dos trabalhadores. Saber reconhecer essas diferenças não só aumenta a eficiência operacional, mas também cumpre com as exigências legais e normas regulamentadoras, como a NR01. Este artigo técnico, é crucial para entender os processos necessários para uma gestão de risco bem-sucedida.

Importância da Definição de Critérios

Os critérios precisam esclarecer quais situações estão em conformidade (podendo permanecer como estão) e quais são extremas (que exigem intervenção). A aceitabilidade do que é considerado “risco leve” ou “risco alto” é uma questão política e social. Do ponto de vista técnico, é possível hierarquizar os riscos para priorizar ações, começando pelos mais graves.

Hierarquização dos Riscos

Segundo o Prof. Dr. Gilmar Trivelato, da Fundacentro, a regra geral é: “Nenhum risco pode ser considerado baixo ou irrelevante se não atende os requisitos legais ou se as consequências são graves e atingem muitas pessoas.”

Diferença entre Atividades Críticas, Moderadas e Leves

Atividades Críticas

Atividades críticas são aquelas que apresentam um alto potencial de risco e podem causar consequências graves, como lesões severas ou fatais, além de danos significativos à saúde dos trabalhadores. Essas atividades requerem uma análise detalhada e a implementação de medidas rigorosas de controle. Exemplos incluem:

  • Operação de máquinas pesadas sem dispositivos de segurança.
  • Trabalho em altura sem equipamento de proteção adequado.
  • Manuseio de substâncias químicas perigosas sem devida proteção.

Atividades Moderadas

Atividades moderadas apresentam um risco intermediário, onde as consequências potenciais são menos severas que nas atividades críticas, mas ainda podem causar danos significativos se não forem gerenciadas corretamente. Essas atividades exigem a adoção de medidas de segurança apropriadas, mas não tão intensivas quanto as atividades críticas. Exemplos incluem:

  • Trabalhos em ambientes com ruído moderado, necessitando de proteção auditiva.
  • Manutenção de equipamentos em condições normais de uso.
  • Transporte de cargas moderadas com equipamentos adequados.

Atividades Leves

Atividades leves são aquelas com baixo potencial de risco e, geralmente, não resultam em danos graves à saúde dos trabalhadores. No entanto, ainda requerem a aplicação de boas práticas de segurança para evitar incidentes. Exemplos incluem:

  • Trabalho administrativo em escritórios.
  • Inspeção visual de produtos em linhas de produção.
  • Atividades de limpeza em áreas sem exposição a materiais perigosos.

Critérios de Risco

O ergonomista precisa escolher adequadamente a ferramenta de avaliação, para não ignorar a relevância do risco nem superestimá-lo. Para definir critérios de risco, siga estes quatro passos:

1) Classe de Risco e Decisão: Determine a classe de risco e como será tomada a decisão.

2) Escala de Severidade e Probabilidade: Verifique se sua escala de severidade e probabilidade é adequada para o tipo de risco.

3) Estimativa do Nível de Risco: Defina como será estimado o nível do risco.

4) Simulação de Situações: Simule situações para verificar se os critérios são consistentes com os requisitos legais.

Escolha da Ferramenta de Avaliação

A ferramenta escolhida deve atender a:

  • Objetivo da avaliação
  • Grau de detalhamento e profundidade
  • Complexidade do processo de trabalho
  • Rastreabilidade e reprodutibilidade
  • Qualidade, quantidade e integridade das informações disponíveis
  • Experiência e capacidade da equipe
  • Tipo de resultado esperado (quantitativo, qualitativo, semi-quantitativo)

Em algumas situações, pode ser necessário o uso de mais de um método para uma avaliação completa.

Conceitos de Perigos e Riscos

Segundo a ISO 31.000, o risco é expresso em termos de fontes de risco (ou perigo), eventos potenciais, suas consequências e suas probabilidades.

Dano leve ou irreversível: Aquele que cessa ao se afastar da fonte, como cheiro de odores ou pequenos ferimentos sem lesão.

Risco Ocupacional

O risco ocupacional ocorre quando o trabalhador realiza uma atividade em um determinado local, sendo decorrente de:

  • A atividade desempenhada (relação com materiais, equipamentos, máquinas, ferramentas, organização e práticas de trabalho)
  • O local da atividade (ambiente)
  • A população envolvida (algumas pessoas são mais susceptíveis que outras)

Exposição ao Risco

A exposição é baseada na intensidade, duração e frequência do contato com o agente e depende de:

  • Tipo e circunstância do trabalho
  • Quem executa
  • O que executa
  • Como executa
  • O que manipula

Processo de Avaliação de Risco

Para uma atividade nova ou mudança em uma atividade existente, o ergonomista deve:

  • Imaginar cenários futuros para identificar perigos
  • Avaliar o risco possível
  • Definir controles e implementar
  • Avaliar a eficácia das medidas tomadas

Para atividades existentes, o ergonomista deve:

  1. Identificar os perigos
  2. Avaliar os riscos
  3. Definir medidas preventivas
  4. Implementar e acompanhar as medidas
  5. Avaliar a eficácia das medidas
  6. Revisar a avaliação e o processo (pelo menos a cada 2 anos)

Flexibilidade do Processo

O processo de gerenciamento de riscos deve ser contínuo e interativo, permitindo ajustes conforme necessário. Pode-se ir direto para a definição de medidas se os perigos forem óbvios, reavaliar medidas durante a implementação, e voltar às fases anteriores se novos perigos forem identificados.

Critérios e Procedimentos para Avaliação de Riscos Ocupacionais

A avaliação de risco inclui:

1) Identificação de perigos e avaliação dos riscos

2) Estimativa de risco pela combinação de probabilidade (P) e severidade (S)

3) Orientação do processo de priorização da tomada de decisão

4) Uso de ferramentas como FMEA ou outras matrizes de risco

Conclusão

Para garantir a segurança no trabalho, é essencial definir claramente os critérios de risco e utilizar ferramentas adequadas para a avaliação. A aplicação correta desses critérios permite uma gestão eficaz dos riscos, protegendo a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

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